15 setembro, 2010

Meus companheiros passageiros

(Tentem abstrair e não pensar no Lula lendo esse título, por favor)

Tem uma coisa engraçada em se pegar todo dia o mesmo ônibus, no mesmo horário, pra vir pro trabalho. A gente acaba conhecendo os passageiros daquele ônibus, e ficando quase íntimos deles sem nunca ter trocado uma palavra com ninguém.

Todos os dias são as mesmas pessoas, que sentam geralmente nos mesmos lugares e têm sempre a mesma conversa. Então resolvi fazer uma lista pra vocês conhecerem meus companheiros passageiros, que eu encontro todo dia:

- Em primeiro lugar, euzinha, que sento sempre no fundão na janela esquerda. Nesse lugar o ônibus pula bem mais e o sol bate o caminho quase todo, e mesmo sendo estranho eu gosto disso.

- Um casalzinho que sempre está junto (leia-se grudado). Ele sempre está de boné e ela de cabelão molhado, todo dia, e eles sentam juntos e ele coloca o braço dele atrás do pescoço dela, o caminho todo. E eu fico com agonia, pensando se ela não fica com torcicolo.

- Um moço que está sempre de terno e gravata, normalmente senta na minha frente.

- Uma moça bem magrinha, bonitinha, que sempre tem que ficar em pé pois já não tem mais lugar e acaba sempre vindo ficar em pé na frente do moço de terno. Ele sempre se oferece pra segurar a bolsa dela, ela aceita, mas não trocam mais nenhuma palavra. Mas eu acho que isso é uma paquera, já que ela sempre vem pro lado dele e ele sempre é gentil com ela. Só que se continuar nesse passo pode ser que eles se beijem pela primeira vez em 2015...

- Uma senhorinha bem pequenininha e magrinha, de cabelo curtinho, que com certeza ainda trabalha fora. Ela sempre senta naquele banco de costas pro fundo do ônibus.

- Tem uma turma de 3 amigos, sendo uma moça loira, uma mulher morena e um moço branquelo de terno que sempre estão no fundão do ônibus, do lado direito. E vão conversando o caminho todo. As moças têm papo de leitoras de revista Nova e o moço parce bem tímido.

- Tem 3 moças que trabalham na loja infantil Xiquita que vêm o caminho todo falando mal das pessoas que trabalham na loja, falando sobre quem vendeu mais que a outra, essas coisas. Fofoca pura logo de manhã...

- Tem 2 amigas, mulheres de uns 30 anos, que se separaram dos maridos e foram morar juntas, cada uma com seu filho de 3 anos. E elas estão sempre conversando, sobre onde devem comprar um fogão novo, como ajeitar o quarto pros meninos, que eles vão crescer como irmãos, quem vai sair à noite e quem fica com as crianças... Taí um novo tipo de formação familiar, amigas separadas que juntam as forças pra criar os filhos. Legal!

- O cobrador tem barba, cara de mau, é super sério, mas tem as unhas feitas e pintadas com base.

- Tem um homem bem sem noção que se encharca de perfume todo dia antes de sair de casa, e quando ele senta perto de mim dá até enjoo.

- Tem uma senhora de uns 50 anos que é dona de uma academia aqui no centro. Essa é uma figura! Ela é toda simpática, bonitona, e fala pelos cotovelos, conhece quase todo mundo. Ela está tentando comprar um fusca pra reformar, pintar de rosa e transformar em conversível, porque outro dia ela viu um fusca assim e se apaixonou. Ela tem um filho, chamado Lucas, e sempre diz que ela está aprendendo com uma amiga que está fazendo terapia, que as mães precisam incentivar os filhos a dar valor aos pequenos gestos. Que ela ensina isso pro filho, mas que o pai estraga tudo (eles são separados). Que o pai só coloca o menino pra baixo, e tal. Aí outro dia eu levei um sustão, pois o Lucas entrou com ela no ônibus, e já é um homem! Deve ter uns 20 anos! Hahaha

Enfim, esses são os meus “amigos” de vista. De qualquer forma, eles fazem parte da minha vida e eu da deles. E isso é bom! Sou feliz que eles existem!

12 comentários:

Magnum Opus disse...

Agora é só passar o endereço do seu blog pra eles darem uma passadinhapor aqui e verem que são quase famosos!

Sabine disse...

Hehehe...
Adorei, Dani!
Fiquei imaginando como cada um é, e como é o ônibus, no caminho até o centro! rs

Pode parecer loucura, mas morro de saudades de pegar ônibus aí em Curitiba. É, só falo isso porque eu pegava o Raposo Tavares, que quase sempre ia vazio... porque se fosse o Biarticulado o papo seria outro!
Huahuahuahauhauahuahuahuahuahua...

Dani disse...

Pois então, Bi, é o Raposo Tavares mesmo...

Esse é um ônibus legal! O ligeirinho que eu pego no final do dia é dureza!

Ah, e eu não posto todo dia no mesmo horário, é que eu programo os posts. Quando eu sento pra escrever muitas vezes já escrevo 3 ou 4 de uma vez, aí deixo programado pra sair um por dia, sempre às 8 da manhã.

Bjo!

Eliane Felisbino disse...

Dani, parecia que eu estava lendo um romance, daqueles que nos transportam para uma vida paralela.
Você é hiper observadora!

Ps.: Vou começar a fazer minhas unhas.

Pé Mimado disse...

Hahahahaha...Dani, como vc presta atenção em tudoooo!!! Agora que eu voltei a pegar ônibus pra vir trabalhar e para ir pra casa, sempre lembro dessas suas postagens...muitas vezes ouço conversas que eu não gostaria de ouvir...kkkk. Seria bom se a gente tivesse o botão on/off nos ouvidos, mas enfim...Adorei a riqueza de detalhes! =)

Beijo pra vc...

Sabine disse...

Ahhhhhh!
É o mesmo busão que eu pegava!
Que saudade! =)
Eu pegava o ônibus que passava às 10h perto da minha ex-casa, o motorista variava, mas o cobrador era um senhorzinho grisalho e de bigode, muito simpático, geralmente ia batendo papo com ele...
Hehehe...
Adoro seus posts, principalmente os do passado e esses, que retratam a vida como ela é! =)

Beijo!

Bruno disse...

Que demais, Dani!

Eu deixo a moto duas vezes ou três vezes por semana em casa pra ir trabalhar de ônibus. Adoro inventar histórias pra cada pessoa que vejo ali, adoro ouvir histórias...

Essa história da paquera me lembrou um post que eu escrevi uma vez, haha
http://acepipesescritos.blogspot.com/2007/01/alto-tarum.html

Bom saber que eu não sou o único maluco que pensa assim :D

Je disse...

Oi Dani

Eu tb ficava fazendo essas observações, é muito interessante observar a vida do pessoal que anda no ônibus. No que eu pegava (Carmela Dutra) sempre tinha quase sempre as mesmas pessoas!
O cobrador sempre bem simpatico e os dois motoristas (o outro se aposentou no começo do ano) sempre que viam que eu tava meio longe do ponto me esperavam...

Sabine disse...

É Je, essa é a vantagem de fazer "amizade" com o cobrador e motorista.
Quando você precisa, esperam você chegar no ponto ou então te deixam mais perto da sua casa, se esse for o caso.
Eu pegava sempre o mesmo ônibus, quando não ia trabalhar ou quando pegava carona com o meu pai, o cobrador sempre dizia no dia seguinte:
"Ficamos te esperando um pouquinho, mas como você não chegou, tivemos que ir embora. Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?"
Ele era um fofo...
E pra minha surpresa, quando estive no Brasil no início do ano, peguei o mesmo ônibus, por coincidência no mesmo horário, e era o tal cobrador que estava lá. Imagine se não lembrou de mim??? Ficou me fazendo um interrogatório sobre como era a vida aqui (é, eu contei pra ele quando estávamos vindo embora)...
Achei muito legal da parte dele! =)

Dri disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dri disse...

Adorei a história... você conta de um jeito! Nossa, parecia que eu tava ali dentro do busão e o post acabou e você não tinha me visto! ;p
Eu pego ônibus raramente... por onde venho geralmente a única coisinha em que reparo é a cadelinha que mora numa casa quase de esquina com a Silva Jardim, na rápida que vai pro Portão (eu passo por lá). A bichinha fica me esperando passar pra ganhar carinho! É linda... vira-latas branca com uma mancha preta no olhinho esquerdo. Um chuchuzinho... ah! E tem o "vozinho" que vende jornal na esquina da Silva Jardim com a Rápida.
São os únicos seres que sempre estão por onde eu passo. Do restante posso dizer que não tem uma "cara" conhecida.
hehehe mas só o carinho daquela cadelinha me basta!

Raphael disse...

Dani, dei muitas risadas com o seu post... muito dez!

No ponto onde eu pego o busão passam dezenas de linhas diferentes, mas quase todas vão para o terminal do Guadalupe. Por isso eu vou cada dia em um ônibus diferente, e é bem difícil ver gente repetida.

;-)