Eu sempre soube que os pais são o exemplo dos filhos. Que as crianças acabam pegando o jeito da gente. Que elas são o reflexo do que somos.
Mas às vezes a gente olha pra esse reflexo e não gosta dele. E aí?
Quem me conhece sabe que eu sempre fui tímida. Não o tipo de tímida que tem vergonha de falar na frente da classe na faculdade, por exemplo, ou de se apresentar numa entrevista de emprego, ou bater papo com uma pessoa desconhecida. A minha timidez é mais no sentido de não gostar de chamar a atenção, de querer morrer quando ficam reparando na minha roupa, no meu cabelo, dá vontade de sair correndo! Também não gosto de sair em fotos. Eu sempre tento fugir o máximo que eu posso quando alguém aparece com uma câmera. Enfim, sou muitas vezes bem bicho-do-mato, caipira.
Mas pra mim estava tudo bem até o momento em que comecei a reconhecer esses mesmos traços na Marina. Ela está numa fase difícil!
No aniversário ela não participou de todas as brincadeiras. Na hora do parabéns ela já estava com vergonha, e na hora do “com quem será” ela saiu correndo e foi se esconder na portaria do condomínio, tadinha. Ela não tinha nem assoprado a vela!
Na última festa junina ela ficou com tanta vergonha que não quis dançar. Depois ficou assistindo à classe dançando e eu vi que ela ficou se remoendo de vontade de estar junto...
Além disso já faz um tempo que ela foge de fotos. Outro dia os primos estavam em Curitiba e eu queria tirar uma foto dos meus sogros com todos os netos juntos pra dar de presente pra eles depois. Mas quem disse que a Nina queria sair na foto? Nem eu explicando que seria uma foto histórica, pra guardar pra sempre. Os primos todos lá, juntos, bonitinhos esperando e ela querendo se esconder dentro de casa. E depois de muita conversa, ladainha, bronca, ameaça (que quando eu quero também sou bruxa) ela finalmente foi, mas saiu nas fotos com cara de Nhonha. Ai, que raiva!
Mas a raiva maior é de mim mesma! Quantas vezes eu não decepcionei alguém que queria tirar uma foto minha? Quantas vezes eu fiz de tudo pra evitar chamar a atenção em alguma situação? Até deixar de cortar o cabelo, só pra não ter que chegar no trabalho no dia seguinte e todo mundo dizer “olha, ela cortou o cabelo, uau” eu já deixei.
Eu não sei de onde vem esse meu problema em ser o centro das atenções, só sei que vendo essas características na Nina eu percebi que isso tudo é muito chato! Que ela sofre o mesmo que eu sempre sofri, e na verdade sem motivo nenhum. E ela não era assim, até outro dia ela queria ser modelo! Eu acho que devagarzinho ela vai vendo que eu sou assim, e vai assimilando isso. Imagina você ver sempre a sua mãe fugindo das fotos, o que você pensa? Que sair em fotos é ruim. Se sua mãe sempre fica tímida quando é o centro das atenções o que significa? Que ser o centro das atenções é errado!
Aiai, esse sem dúvida seria um caso pra terapia. Mas como tá difícil ir a um terapeuta (porque a coisa tá preuta, kkkkk) o negócio é a gente criar consciência de que precisamos combater isso juntas, levantar o nariz e desencanar nessas situações.
Então vou começar a dar o exemplo e não vou mais fugir das fotos. E vou ver se logo corto o cabelo, hahaha! E quando me elogiarem vou encarar com naturalidade.
E um dia eu volto aqui e conto se deu certo!
9 comentários:
Hahaha, rí um monte com esse seu post, Dani. Me indentifiquei pra caramba. Já fui assim por um longo período da minha vida, mas estou melhor de um tempo pra cá. Tenho alguns "truques" que ajudaram. Um que posso contar aqui, é a cor da roupa. Dizem os especialistas que você deve começar usando roupas de cores fortes e que chamem a atenção (não é fácil) tipo: camiseta vermelha, tênis branco etc., não necessariamente juntos hahaha. Deve ser por isso que tive uma época que só comprava camiseta vermelha, hahaha tenho um monte.
Fotos eu continuo tendo horror a elas. Mas aprendi a não pedir pra ver depois de ter sido fotografado, vou odiar eu sei, então prefiro nem olhar hahah
Abraços, Dani.
Eu era assim tbem, principalmente em relação às fotos. Até os 15 anos eu fugia de todas, mas agora me arrependo disso, sabe? Vejo um monte de fotos de família ou dos amigos mesmo das quais eu fugi e penso como seria legal as outras pessoas saberem que eu estava lá ou mesmo pra ver como era a minha cara na época...
Mas ainda tenho pavor de falar em público!!!
O bom é que vc percebeu como isso está afetando ela e agora junto com ela pode superar isso.
Já vi mãe que briga com o filho/filha por agir de determinada maneira, mas agir igualzinho e não ter noção disso.
Quero ver esse corte novo em...haahhaha
99% do problema vc já solucionou. Quantas pessoas passam uma existência sofrendo a toa por não perceberem ou não admitirem suas fraquezas... Inclusive vc fez uma economia com as sessões de terapia! Agora é desencanar, como vc disse...
Corta o cabelo, sim! Faz a sua parte que a gente faz a nossa (notando), só pra ver se você já superou essa barreira =)
Adorei teu texto =)
E eu, que já pensei em apagar meu blog só porque morro de vergonha toda vez que alguém vem pessoalmente comentar que leu alguma coisa?
Bom saber que a gente não tá sozinho nessa :)
Oi Dani!
Eu achei a Nina tão simpática quando fomos à sua casa, com toda aquela correria atrás da Paçoca que queria ficar dentro de casa! rs! Nem imaginava que ela é "bicho do mato". Não esqueça de elogiar um comportamento mais solto dela, assim ela vai reconhecer que é legal "fazer graça"!
Um beijo!
Dani!
NOssa, eu me identifiquei com o seu post, pois eu era bem assim - como vc descreveu. Qdo era criança, eu saía chorando nas fotos (que ódio, haha). A minha mãe chamava a minha atenção, mas ela até hoje odeia fotos (viu só?). Depois, qdo estava mais crescida, eu percebia o quanto era legal sair nas fotos com os meus irmãos e primos. Mas melhorei mesmo depois de adulta, no trabalho e com terapia. A dica que a Sil Hadas deu, é bem válida, Dani. Elogiar a Nina, qdo ela tiver um comportamento legal. ;)
Quero ver o novo look. =)
Beijo pra vc!
Dani,
Já percebi que eu tenho muito mais de minha mãe do que eu imaginava. Isso inclui qualidades e tbém defeitos.
Bjs
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