09 setembro, 2010

Aprendendo o valor do dinheiro - mesada

Quando eu era criança ganhávamos da minha mãe uma mesada. E era mesada mesmo, no final de cada mês. Não era muito dinheiro, mas era uma festa, pois a minha mãe dava o dinheiro pra gente e nos levava à loja de brinquedos, pra cada um comprar uma coisinha.
Eu comprava um bonequinho dos ursinhos carinhosos todo mês.

Essa proposta da mesada era legal, porque assim a gente não ficava pedindo coisas pra minha mãe, se a gente quisesse tinha que esperar o fim do mês pra comprar algo.

Mas depois que tivemos a Marina eu e meu marido começamos a pensar em como apresentar o dinheiro pra ela. Como fazer ela entender que é importante, que não se pode desperdiçar, como controlar, essas coisas?

Então no começo (quando ela tinha uns 3-4 anos) meu marido fez um cofrinho pra ela, no qual ele colocava as moedinhas que ele sempre tinha nos bolsos (puts, é, eu nunca colocava moedinhas, mãe muquirana, hahaha). E o pote logo ia ficando cheio, a gente contava as moedas com ela, e quando tinha um valor razoável ela podia ir na loja e escolher algo dentro do valor. Nossa, essa parte é difícil mas importante, porque no começo eles não entendem quanto vale o dinheiro, e acham que podem comprar qualquer coisa da loja, e ficam frustrados quando percebem que não é bem assim. Mas a frustração é importante, e assim eles aprendem que um monte de moedinhas não pode comprar tudo.

E assim a gente ia, até que um dia numa palestra o psicólogo explicou que o procedimento correto é diferente. Ele explicou que o correto é dar um valor fixo, com o qual a criança pode contar, uma vez por semana. Então seriam semanadas, e não mesadas, entenderam? Porque assim a criança não ganha e gasta tudo de uma vez. Ela pode gastar o valor da semana rapidinho, mas logo ela percebe que se ela economizar e juntar com o da semana que vem ela vai ter bem mais e comprar algo melhor. E convenhamos, é mais fácil juntar o dinheiro de duas semanas do que o de dois meses! É também uma forma do dinheiro estar presente no cotidiano dela, não aparecendo só uma vez por mês (pena o nosso salário não acompanhar esse raciocínio, né gente?).

Continuando, o valor que a criança deve receber toda semana é igual à idade dela. Ou seja, se ela tem 5 anos, vai receber 5 reais por semana. E conforme ela vai crescendo a necessidade de dinheiro dela também cresce, e a “semanada” também. Bem justo!

Passamos a aplicar isso com a Marina quando ela tinha uns 5 anos, eu acho. Mas daí em diante tivemos muitas dúvidas. No começo ela não se importava muito com o dinheiro, e ele ficava lá, e ela ia juntando, mas sem muita noção de que estava economizando, sabe? Aí um dia ela ia numa loja e comprava algo legal que ela queria (normalmente uma Barbie). A coisa mudou um pouco quando ela foi para o colégio grande e teve acesso à cantina da escola. Daí virou um problema, pois ela gastava a “semanada” dela em paçoca. Comprava 20 de uma vez. Aí a gente sentava com ela, explicava que não precisa comprar tanta paçoca e gastar o dinheiro dela todo de uma vez. Aí ela entendeu que não conseguia comer tanta paçoca e passou a pagar sorvete pros amigos... Enfim, o importante pra ela era gastar o dinheiro! Tudo bem, o dinheiro era dela, afinal.

Aí um belo dia ela fez uma manobra radical com a bicicleta dela lá no condomínio e quebrou a roda dianteira. Meu marido levou ela à bicicletaria pra consertar, mas avisou que se ela repetisse a manobra e quebrasse a roda de novo ela ia pagar o conserto com o dinheiro dela. Bom, passou um tempo e ela quebrou de novo a roda (sim, a Marina é bem radical). Lembramos ela de que agora era ela quem tinha que pagar pelo conserto. Xiiii, mas ela estava sem dinheiro. Então ela economizou o dinheiro dela (e parou de comprar paçocas e pagar sorvete pros amigos) até ter o dinheiro pra arrumar a roda (10 reais, nós não somos maus, tá gente?). E ficou 2 semanas sem andar de bicicleta, fazer o que... Também, não quebrou mais a roda!

A mesma coisa foi com os lápis. No começo do ano comprei os lápis que a escola pedia (uns 5). Em março ela já estava sem lápis. Comprei mais alguns. Em abril eles já haviam acabado de novo. Dei uma reclamada, expliquei que lápis custa dinheiro, que não pode ficar apontando à toa nem deixar ele cair toda hora, e comprei mais. Em maio eles já haviam acabado de novo. Daí eu cansei e mandei ela comprar lápis com o dinheiro dela. E assim estamos. Quando ela precisa de lápis ela mesma que compra. Os lápis passaram a durar um pouco mais!

Então com isso ela aprendeu a não gastar o dinheiro à toa, por gastar. Que tem vezes na vida em que a gente gasta com coisas legais, que a gente quer muito, mas às vezes precisamos gastar com coisas chatas também. E aprendeu a não quebrar mais as coisas, nem gastar à toa. Claro que não é com tudo, ela ainda faz umas coisas erradas, e a regra é que na primeira vez, quando ela não sabia, a gente que paga, conserta, mas daí a gente avisa que tal coisa não se faz, e que na próxima é ela quem vai pagar. Aí ela fica mais esperta!

E com tudo isso, devagarzinho, vamos tentando ensinar a ela o valor do dinheiro, e pra que é que ele serve. Se estamos no caminho certo, só o futuro dirá!

7 comentários:

Silvia disse...

Dani,

essa orientação do palestrante é bem interessante. Vou encaminhá-la p/ a minha irmã (que tem filhos).
Dei risada com a história radical da Marina! hehe!

Mais uma intereferência positiva! oba!
Beijo!

Sabine disse...

Que legal, Dani!

Adoro quando você posta algo relacionado à educação da Nina e do Rafa, tento guardar bem aqui no fundinho pra um dia poder usar com o Nick!
Ótimas dicas, viu!?

Obrigada e parabéns, como sempre, muito gostoso de ler seu blog! =)

Pé Mimado disse...

Dani,

Que amor isso!!! Muito legal a forma de educá-la financeiramente. Achei graça da história dela pagar sorvete para os amigos, que amor. Eu acho que vcs estão no caminho certo. Todo mundo só começa a dar valor às coisas quando mexe no bolso. É assim mesmo. Todas as coisas materiais custam dinheiro e para tê-los, temos que pagar. Eu acho essa consciência muito legal. Como a Hadas disse, mais uma interferência positiva. Adorei!

Beijo pra vc!

Eliane Felisbino disse...

Quando você me contou esta história fiquei pensando...quando crescer quero ser igual a Dani...rs.
Bjs,

Je disse...

Eliane pensei exatamente como vc quando ela contou. Quero poder ter essa atitude com meus filhos!
Ainda bem que tenho o blog pra poder acompanhar essas dicas!

Magnum Opus disse...

Caramba, a Marina tá de parabéns! Quando eu era pequeno qualquer moedinha que eu ganhava já ia correndo pro barzinho comprar doce!! Era uma vontade muito grande que me dava de gastar...

Dri disse...

Um máximo essa história!
Boa dica Dani! Boa "interferência"!

Beijo